São Paulo, Brazil
Sou jornalista, pós-graduada em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte. São-paulina. Apaixonada por Futebol e pela profissão dos Goleiros.

quarta-feira, agosto 04, 2010

Jefferson: 60 anos depois, uma nova esperança

Depois do desempenho inacreditável na Copa de 2010, o brasileiro observa as novas promessas para 2014. O início de uma nova fase para a seleção brasileira, novo técnico e os novos convocados.
Muitos voltam suas atenções para os atacantes, a busca é incessante pelos goleadores. O meio de campo também tem seu destaque com os belos passes para o atacante apenas empurrar a bola e sair para comemorar.
Assim, os amistosos “Pós-Copa” revelaram uma gama de promessas, mas um nome me chama a atenção: Jefferson, o goleiro do Botafogo.
Pode parecer estranho visto que é convocado como goleiro reserva, mas a história é antiga. Quem não se lembra de Moacyr Barbosa ou mesmo do Dida?
Apesar da diferença deles terem sido titulares, uma semelhança pode comprometer a vida profissional do goleiro: a cor da pele.
Parece bobagem em pleno século XXI, mas a imagem dos goleiros ainda é difícil de ser entendida. Eles passam de herois para vilões em alguns segundos e o preconceito ainda impera.
O negro no futebol é visto como o jogador da jinga, do drible, da habilidade com as pernas e, definitivamente, não são atributos dos goleiros. Assim, ainda não se vê com bons olhos as qualidades dos goleiros negros, ainda mais ao lembrar do Barbosa.
Ele foi consagrado no Vasco e teve a infelicidade de sofrer o gol na final da Copa de 50, em pleno Maracanã.
Há quem ainda lembre e julgue o goleiro, mas em janeiro deste ano, Luis Guilherme, goleiro do Botafogo na Copa São Paulo de Futebol Juniores colocou em xeque a sentença da falha no gol ao declarar que Barbosa é seu ídolo, durante sua entrevista para a TV Brasil:

“Olha, tenho respeito pelo Júlio César, pelo Dida, pelo
Taffarel, mas meu grande ídolo é o Barbosa, da Seleção
de 50. Não acompanhei ele jogar porque não era nascido,
mas li toda sua biografia. É meu verdadeiro ídolo!”

As palavras do jovem goleiro trouxeram uma nova visão aos torcedores, talvez demore algum tempo para a fama do goleiro realmente mudar, mas o tiro de meta já foi cobrado com perfeição por Luis Guilherme.
Enquanto isso, Jefferson continua seu trabalho no Botafogo, se destaca pelo profissionalismo e competência. Conquistar os botafoguenses foi tarefa fácil, agora espera sua chance na seleção brasileira, mas tem consciência das dificuldades.

Se depender da força de vontade e do comportamento do goleiro do Botafogo, suas convocações para a seleção estão apenas começando. Afinal, se um time tem resultados positivos, boa parte do mérito fica com o goleiro.
O que pode-se ver é que dentro dos clubes o goleiro ganhou espaço e, hoje, sua imagem e desempenho estão cada vez mais valorizados. Já na seleção as coisas mudam, talvez em amistosos a cobrança não seja tanta, mas, durante a Copa do Mundo, qualquer suspeita de falha pode fazer a carreira na seleção ser curta.
A vida dos goleiros não é fácil no Brasil. Acostumados e deslumbrados com o futebol arte, os brasileiros esquecem que a arte pode ser feita dentro da pequena área. Os saltos para defender as faltas cobradas no ângulo, as defesas à queima-roupa, os pênaltis defendidos.
Será que a valorização dos goleiros chegará à seleção e uma nova fase dos goleiros negros na seleção pode começar?
A sentença de Barbosa já foi cumprida. Agora, Jefferson espera a camisa 1, como se fosse a 5ª cobrança de pênalti na final da Copa, aquela chance de escrever uma nova história.

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