São Paulo, Brazil
Sou jornalista, pós-graduada em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte. São-paulina. Apaixonada por Futebol e pela profissão dos Goleiros.

domingo, abril 25, 2010

A Tradição da Baixada Santista

Santos, 1914, um time em campo, comunidade espanhola em festa, do alto do morro, os portugueses admiram e, 3 anos depois, criam sua própria festa. Assim surgem dois dos times mais tradicionais de Santos, litoral de São Paulo, primeiro o Jabaquara Atlético Clube, que ano passado contava com cerca de 800 associados, e depois a Associação Atlética Portuguesa, que tem cerca de 1100 associados.

Em uma rivalidade além do futebol, portugueses X espanhóis, as torcidas criaram seu espaço no espetáculo. Na arquibancada hinos e cantos. Em campo novos rostos faziam a sua parte. E as vitórias eram vistas.

A Portuguesa Santista, chegou a conquistar a Fita Azul, em 1959, com uma excursão invicta à África. Aliás, essa excursão fez com que a África do Sul fosse suspensa pela FIFA por 16 anos, por racismo; em um dos jogos, três jogadores da Briosa foram proibidos de jogar por serem negros. Na época, o então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, decidiu que a delegação voltasse sem jogar.

O Jabaquara AC leva em seu histórico um campeonato do juvenil disputado com o Santos, que tinha em seu elenco Pelé; e há oito anos, fazia novamente a alegria da comunidade espanhola conquistando a Série A-3 do Paulista.

Mas a história não é mais a mesma, a festa e os cantos das torcidas, hoje se misturam a cornetadas e cobranças. Donos de histórias invejáveis de conquistas, atualmente os times vivem lutando para sobreviver nos campeonatos que disputam.

Aguinaldo Pereira, torcedor da Portuguesa Santista, mantém um site não-oficial do clube, com um teclado afiado, posta suas indignações, com uma história desde 1992 no clube. Em entrevista, falou sobre as torcida organizada da Briosa.

“A torcida da portuguesa é pequena mas é enjoada, e cobra muito aqui. Você não tem noção da pressão aqui, 200 torcedores valem por 1.000.000. Todos empresários que passam aqui ficam assustados, não cobram com violência, mas os corneteiros usam muito a internet pra queimar a imagem de quem passar por aqui e deixar o clube em situação ruim. Pra você ter uma idéia o time de 2006 que rebaixou da primeira divisão pra a segunda, se tiver 2 jogadores empregados é muito.”

Uma realidade um tanto distante para quem está acostumado com o modo como as torcidas cobram os times grandes. A Portuguesa Santista, conta com uma Torcida Organizada chamada Força Rubro-Verde, FRV. Aguinaldo acredita na importância dessas torcidas para o clube.

“A torcida dá segurança, principalmente fora de casa, quando os jogadores entram em campo e vêem um torcedor nosso ou faixa, eles sabem que ali tem alguém torcendo por eles. Aqui a torcida não bate nem agride jogadores cobra-se de quem contrata.”

Atualmente, uma das dificuldades dos times é o patrocínio, por disputarem campeonatos fora da elite, os patrocinadores são raros. No caso da Portuguesa Santista, hoje tem uma empresa como colaboradora.

“Patrocínio o clube tem o banif que colabora com uma cota pequena , que não chega a 10.000 reais e não ajuda muito.” afirmou Aguinaldo.

Em sua história, a Briosa coleciona parcerias que não deram certo. Em 2003,com a Futura Sports, o time ficou conhecido pelo esquema da “roleta russa”, todos os jogadores atuavam em todas posições. Posteriormente, em 2006, com a Brazilian Player, foram rebaixados para a Série A-2 do Paulista. E, logo depois, com parceria da Usina do Esporte, os torcedores viram seu time indo para a Série A-3 do Paulista. Este mês, a Briosa, mais uma vez, foi rebaixada, disputarão a 2ª Divisão em 2010.

Já o Jabaquara, possui parcerias com o Santos Futebol Clube. O clube está com um projeto para recuperar a equipe para em 2014 disputarem a Série A-1 do Paulista, mais um projeto de centenário no futebol brasileiro.

Ao entrar em contato com os presidentes dos clubes, o presidente da Associação Atlética Portuguesa, Avelino dos Santos, disse que só se pronunciará após quarta-feira, 14, devido a má fase do clube e o rebaixamento no último dia 11 de abril. Enquanto que o presidente do Jabaquara Atlético Clube, Bento Marques Prazeres, por telefone disse que responderia até a noite de segunda-feira, 12, mas até o fechamento da matéria não retornou o contato.






Briosa: Uma vitrine na Baixada



Quem não se lembra de Antônio Lima dos Santos, da Copa de 1966, jogador polivalente atuou como lateral direito, esquerdo e zagueiro. Ou então do Balu, lateral direito convocado para a Seleção Brasileira por Falcão, ainda teve Brandãozinho, médio-volante que disputou 18 partidas pela Seleção Brasileira, e Tim, que disputou a Copa da FIFA em 1938 e a Copa América em 1942 que depois se tornou técnico até da Seleção Peruana. Talvez o mais comentado tenha sido Wilson Gomes, o Diabo Louro dos chutes apelidados de “Os canhões de Samarone”.


Esses e tantos outros surgiram na Associação Atlética Portuguesa e ganharam destaque nacional. E por que não mundial?


Dona de um talento único para revelar talentos, a Briosa por muito tempo fez a alegria da torcida da Baixada. Hoje em dia, com suas dificuldades, principalmente financeiras, o clube ainda luta pelos jovens talentos do Litoral.


O mais novo dele é o meia Edson Souza, o Pio, que atualmente defende o Santo André na série A-1. Depois de sua excelente passagem pela Portuguesa Santista, sua transferência foi inevitável.


Aos 24 anos, o meia sonha em se destacar e quem sabe ir jogar no exterior. Fato é que já está sendo considerado o novo craque do time.


Será que a Briosa está voltando aos seus tempos áureos de novos talentos?


Se depender das atuações de Pio, uma nova fase de revelação de jogadores da Baixada pode estar por vir.




O Jabuca do Plínio Marcos


Plínio Marcos, dramaturgo, jornalista e ex-jogador do juvenil do Jabaquara, e alguns dizem que da Portuguesa Santista também. Há quem diga que não jogava mal, mas fez bonito mesmo nas páginas de jornais e revistas glorificando seu clube de coração, o Jabaquara Atlético Clube, Leão da Caneleira ou simplesmente Jabuca.


Time de tantas glórias no passado, acabou ficando esquecido na mídia quando, em 1967, pediu licença à Federação Paulista de Futebol para se ausentar dos campeonatos por 10 anos; mas, seu fiel torcedor nunca abandonou o grito “Arriba Jabuca”. Em seus textos era comum encontrar as histórias de seu time.


Em uma de suas crônicas, “Povão de Santos precisa apoiar o Jabaquara”, de 1977 pela Folha de S.Paulo, Plínio relembra uma façanha histórica do Leão da Caneleira sobre o Santos, quando aos quarenta minutos do segundo tempo, o goleiro do Jabuca, Fininho, defendeu um pênalti de Pelé e garantiu o título:


A vida desse rei do futebol é contada em verso, prosa e história em quadrinho. E ele merece. Mas ninguém conta o título que o Santos perdeu para o Jabaquara porque o Fininho defendeu um pênalti chutado pelo Pelé. Era o título do campeonato juvenil. Mas era um título. E essa parte da história do grande craque sendo omitida, é omitido o nome do Jabaquara. E não podem. O Jabaquara é maior do que todos.


Muito além de ter tentado ajudar seu time em campo, Plínio conhecia de perto as dificuldades de manter o time, ainda no ano de 1977, ele fez uma campanha para o time, publicando “Um grito na Baixada! Arriba Jabuca!, também pela Folha de S.Paulo, onde convocou artistas da cidade para show em benefício do clube.


E na lista entrou um timão da pesada: Bete Mendes, Jonas Mello, Sérgio e Cláudio Mamberti, Sônia Rocha, Paulo Lara, Luís Américo e mais uma pá. O Sindicato dos Metalúrgicos seria um bom lugar pro show. Todo o mundo topava. Mas nós nem sabemos quem são os diretores do Jabuca. Como falaremos com eles? Mas a idéia está aí. Se a diretoria precisar de apoio de nós, velhos jabaquarenses, iremos correndo. O Jabuca mora em nosso coração. Ganhando ou perdendo, a gente está aí berrando com todas as forças do pulmão: Arriba Jabuca!


Plínio ainda não cansava de lembrar de onde vinham os craques do time, a várzea. Sim! A várzea era a vitrine para os meninos de Santos ingressarem nos times da região que em 1976 começaram a desaparecer, dando espaço para as edificações, estradas; e tirando de cena a descoberta de novos talentos, coincidência ou não, levou junto as glórias do Jabaquara AC.

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